Quando a dor vem em ondas e parece travar a vida, o alívio não pode esperar. Para muitas pessoas que menstruam, as cólicas são mais do que um incômodo: são uma interrupção mensal que afeta humor, produtividade e até a forma como o corpo se movimenta. Embora os analgésicos estejam entre os recursos mais usados, cresce o número de pessoas buscando soluções mais naturais e íveis — e muitas delas funcionam melhor do que se imagina. Neste artigo, reunimos relatos reais de quem testou métodos caseiros para aliviar cólicas menstruais e compartilhou o que de fato fez diferença.
Métodos naturais para aliviar cólicas menstruais
A busca por alternativas aos remédios tradicionais tem ganhado força entre quem sofre com cólicas menstruais frequentes. Entre os métodos mais recorrentes estão compressas, alimentação específica, infusões e técnicas de respiração. Mas será que tudo isso realmente funciona? Veja o que dizem os relatos.
Compressa morna: o clássico que ainda funciona
Entre todos os relatos, a compressa morna aparece como unanimidade. Seja com uma bolsa de água quente, uma toalha aquecida ou almofadas térmicas específicas para o abdômen, o calor tem efeito comprovado na dilatação dos vasos sanguíneos e no relaxamento muscular.
A estudante Laís Gomes, de 21 anos, conta que só conseguiu evitar o uso de analgésicos quando ou a usar uma bolsa térmica no baixo ventre por pelo menos 30 minutos. “É como se o corpo recebesse um abraço interno”, diz. Segundo ginecologistas, o calor ajuda a diminuir a contração uterina, principal causa da dor.
Chás com ação anti-inflamatória e relaxante
Algumas ervas demonstram ter efeitos positivos nas cólicas menstruais. Os chás de camomila, gengibre e erva-doce foram os mais citados pelas entrevistadas. A camomila, por exemplo, tem efeito sedativo suave e pode reduzir a ansiedade que costuma acompanhar o período menstrual.
Ana Cecília, 29 anos, afirma que incluir chá de gengibre nos dois dias que antecedem a menstruação mudou completamente sua experiência. “As cólicas ainda existem, mas não são mais incapacitantes”, relata. O gengibre tem ação anti-inflamatória que parece ajudar a reduzir a intensidade das dores.
Exercícios leves fazem diferença
Embora o impulso inicial seja se encolher na cama, quem arriscou movimentos leves sentiu resultados positivos. Caminhadas curtas, alongamentos e até yoga estão entre as práticas mais eficazes segundo relatos.
Carla Menezes, que sofre com cólicas desde a adolescência, afirma que a prática diária de posturas de yoga voltadas para o abdômen e a região lombar diminuiu drasticamente as crises. “É quase um ritual. Quando sinto os primeiros sinais, coloco um tapete no chão e começo a me movimentar suavemente. O alívio vem rápido”, diz ela.
Massagens circulares com óleos essenciais aliviam as cólicas menstruais
Outro recurso muito mencionado nos depoimentos são as massagens com óleos essenciais. Lavanda e hortelã-pimenta são os mais usados, com aplicação em movimentos circulares na parte inferior do abdômen.
A terapeuta corporal Ingrid Oliveira explica que a massagem promove circulação e ajuda o útero a relaxar. “A lavanda também reduz o estresse, o que potencializa o efeito analgésico natural”, afirma. Já o mentol da hortelã-pimenta proporciona uma leve sensação refrescante que engana os receptores de dor.
Técnicas de respiração e mindfulness
Controlar a respiração, focar a atenção no presente e reduzir a tensão corporal — essas são as bases do mindfulness, que tem conquistado espaço como aliado no enfrentamento da dor. Quem usou técnicas simples de respiração abdominal relatou menor percepção da dor em comparação aos ciclos anteriores.
A bancária Luciana Prado diz que uma única sessão de respiração consciente de 10 minutos já altera a forma como o corpo responde à dor. “Não é milagre, mas me devolve o controle”, explica. Para muitas pessoas, só essa sensação de controle já é suficiente para aliviar a aflição.
Mudanças alimentares antes do ciclo também aliviam as cólicas menstruais
Outro ponto importante apontado por diversas entrevistadas foi a alimentação nos dias que antecedem a menstruação. Alimentos ultraprocessados, excesso de açúcar e sal foram citados como agravantes da dor, enquanto frutas, sementes e alimentos ricos em magnésio ajudaram a prevenir as crises mais fortes.
Juliane Rocha, nutricionista e especialista em saúde feminina, reforça: “o magnésio atua diretamente no relaxamento muscular, e sua deficiência pode acentuar as dores”. Ela recomenda a inclusão de folhas verde-escuras, castanhas, banana e aveia na dieta como estratégia preventiva.
O que não funcionou (ou funcionou só para alguns)
Nem tudo são flores. Métodos como uso de cintas térmicas eletrônicas ou banhos quentes prolongados foram descritos como ineficazes por algumas pessoas. Outras relataram piora das cólicas ao permanecerem muito tempo deitadas ou ao ingerirem cafeína, mesmo em pequenas quantidades.
A estudante de design Isadora Nunes conta que o banho quente até ajudava no início, mas a dor voltava com mais intensidade. “Era como se o alívio fosse enganoso. Depois que comecei a combinar chá com alongamento, o efeito ou a durar mais.”
Por que cada corpo responde de um jeito?
A explicação está na complexidade hormonal e neurológica do organismo. O ciclo menstrual é influenciado por fatores físicos, emocionais e até sociais. Assim, o que alivia a cólica de uma pessoa pode não funcionar para outra. Por isso, o ideal é experimentar com atenção ao próprio corpo.
A fisioterapeuta pélvica Priscila Teles lembra que “ouvir o corpo e entender os gatilhos da dor é o primeiro o para conseguir enfrentá-la sem depender sempre de medicamentos”.
No fim, o que mais se destaca nos relatos é que o autocuidado consistente — aquele que respeita o ritmo, o corpo e o emocional — funciona como um aliado poderoso. E isso, talvez, seja a lição mais importante sobre as cólicas menstruais: entender que a dor existe, mas não precisa dominar a vida.